Aldeia da pena
Se antes subimos, agora descemos de carro até às profundezas da Serra de São Macário para ir a esta aldeia de pequenas casas de xisto e ardósia, uma das mais típicas de Portugal. São seis os seus habitantes: a família que gere a Adega Típica da Pena, o restaurante da aldeia, além de um casal de idosos que orgulhosamente nos mostrou: ele, a loja onde vende o mel e o artesanato que produzem; ela, a pequenina igreja que, com devoção, limpa e ilumina com luz puxada de sua casa.
caminho do morto que matou o vivo
Hoje já existe um cemitério (pequeníssimo) na Aldeia da Pena. Antigamente, porém, quando morria alguém, era preciso ir a pé até ao da aldeia vizinha de Covas do Rio, com o caixão aos ombros, por um caminho íngreme e estreito, onde agora há um trilho que percorremos parcialmente. O nome do caminho deve-se a uma lenda, segundo a qual um dos homens que carregava o caixão escorregou e este, caindo sobre si, matou-o.
ermida e capela de s. macário
No alto de São Macário, enquanto avistávamos as serras das Montanhas Mágicas, do Caramulo e da Estrela, contaram-nos outra história insólita. Segundo consta, Macário era um homem que viajava muito em trabalho. Numa das suas ausências, os pais foram visitá-lo, mas não o encontraram. A sua esposa resolveu, então, oferecer-lhes a cama de casal, para que passassem aí a noite. Entretanto, Macário chegou e, pensando que a sua mulher estava deitada com outro homem, matou-os. Para se penitenciar, foi viver sozinho para o alto de uma montanha, alimentando-se de répteis e ervas, ganhando, dessa forma, a fama de Santo.
mariolas
No pedregoso e árido planalto da Arada, erguem-se da vegetação rasteira umas estruturas em pedra, algumas com mais de 5 metros de altura – a que também chamam bruxas – que continuam a servir de ponto de orientação para pastores e caminhantes.
Foram recuperadas três destas, perto da aldeia da Arada. Do outro lado da serra, perto de Fragoselas, encontra-se outra mariola junto ao caminho que liga esta aldeia a Covas do Monte.
portal do inferno e garra
Ainda no planalto da Serra da Arada, este local de passagem estreita deve o seu nome às vistas vertiginosas sobre dois vales: de um lado, o de Covas do Monte; do outro, o de Drave.
Situado no cume que separa duas depressões escarpadas, a novecentos metros de altitude, é mais do que um miradouro para a Serra de São Macário ou para a Serra da Freita – é um marco que provoca um sentido de mistério misturado com uma certa angústia vertiginosa. A começar pelo nome. Quer no portal, que nos sugere uma passagem entre dimensões, quer no inferno, que parece querer transmitir, num substantivo, a ideia de, a partir dali, descermos ao infra, às entranhas, que nos habituámos a ligar às terras do demónio.